UM JORNAL DOS TRABALHADORES NA LUTA PELO SOCIALISMO

quinta-feira, 11 de setembro de 2025
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Mulheres e meninas sofrem assédios constantes em Institutos Federais

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Nos Institutos Federais do Distrito Federal, o alto índice de assédio somado ao cenário de opressão, violência e descaso com as mulheres secundaristas é revoltante. Estudantes já fragilizadas chegam às direções das instituições e, quando não são ignoradas, são revitimizadas e humilhadas.

Samira Prestes | Distrito Federal


MULHERES – O assédio em instituições de ensino tem aumentado em diferentes níveis, incluindo aqueles cujas vítimas são secundaristas e/ou universitárias. Uma pesquisa conduzida em Instituições Federais de Ensino Superior (IFES) em 2020, com 71 Instituições, constatou que a maioria delas não possuía qualquer política de prevenção ao assédio, e mais: dessas, 70% também não possuem medidas de combate. Além desses casos impactarem negativamente no ambiente educacional, o desenvolvimento acadêmico e profissional das vítimas também é gravemente afetado.

Nos Institutos Federais do Distrito Federal, o alto índice de assédios somado ao cenário de opressão, violência e descaso com as mulheres secundaristas é revoltante. Estudantes já fragilizadas chegam às direções das instituições e, quando não são ignoradas, são revitimizadas e humilhadas. A resposta é sempre a mesma: de que não é possível fazer nada. A maioria das estudantes, por não aguentar reviver o trauma e o contato direto com o abusador diariamente, acabam por abandonar a escola.

O Movimento de Mulheres Olga Benario, ao visitar escolas e realizar atividades com estudantes, utilizando a cartilha “Violência contra as mulheres: conhecer para combater”, colheu diversas denúncias absurdas nas quais, em sua maioria, o abusador compunha o corpo docente da instituição.

Várias estudantes relataram que buscaram ajuda da direção da escola após receber comentários desrespeitosos em fotos, e mensagens nas quais o professor oferecia dinheiro em troca de fotos íntimas e relações sexuais. Uma das vítimas denuncia: “em momento algum fui acolhida. Disseram que os prints que foram mostrados ‘poderiam complicar o servidor’. Não existe uma política de acolhimento ou escuta”. Enquanto o agressor tem direito a circular livremente, meninas e mulheres se tornam maioria nas estatísticas de abandono escolar.

Mesmo com o grande número de casos de assédio e abuso sexual, não há nenhum artigo ou inciso no regimento dos IF’s e das escolas que puna de forma explícita docentes e estudantes que cometam esses crimes. Sanções absurdas de advertência, suspensão ou até expulsão são impostas quando se diz respeito a atrasos mínimos ou falta de algum material escolar, mas nada é feito para a punição dos abusadores.

Sob ameaça de expulsão, alunas do IFG — Águas Lindas (entorno do DF) mobilizaram o campus em 2022 para um ato denunciando a violência de gênero na instituição, além de proporem que as estudantes fizessem denúncias (anônimas ou não) a partir de cartas, recebendo cerca de 16 relatos, inclusive entre as técnicas. “Duas meninas que tinham relatado abuso nos papéis, depois do ato, se mudaram da casa dos agressores, e a menina que estava sendo perseguida também conseguiu amedrontar o agressor depois do ato”, conta uma participante.

As escolas e Institutos Federais, em sua grande maioria, se colocam contra os estudantes, contra os grêmios ou qualquer organização que se proponha a conscientizar os alunos e organizá-los pela melhoria de sua qualidade de vida escolar. Fica evidente entre estes comportamentos a posição liberal das direções, que defendem uma educação individualista e sucateada, antidemocrática; estas privilegiam uma pequena porção branca, masculina e rica, que consegue se desenvolver sob seus moldes.

Esse é o tipo de política que perpetua a violência contra as mulheres, contra a população LGBTIA+, negra, pobre e periférica. No capitalismo, assim são tratadas as mulheres: sem direito a uma educação de qualidade, sujeitas a inúmeras violências físicas, morais, psicológicas, dentro e fora das instituições.

Isso mostra que a única solução para lutar contra a violência de gênero, contra o assédio nas escolas e universidades, é a organização das estudantes. É necessário lutar para implantar e manter políticas de acolhimento às vítimas dentro das escolas, institutos e universidades, para existir um protocolo claro de punição para o abusador, e para haver a promoção de debates e rodas de conversa sobre o tema com todos os estudantes. E somente a partir de mobilização e luta é possível criar um espaço seguro e confortável para as mulheres.

Deportação de palestino mostra cumplicidade do Estado brasileiro com genocídio de Israel

Muslim M. A Abuumar, cidadão palestino e professor, foi preso e deportado pela Polícia Federal brasileira no Aeroporto Internacional de Guarulhos. A deportação arbitrária pela Polícia Federal foi um pedido do FBI e do Mossad, serviço secreto israelense.

Igor Marques | Redação RJ


BRASIL – Na última sexta-feira (21), o cidadão palestino Muslim M. A Abuumar foi preso e ameaçado de deportação pela Polícia Federal brasileira no Aeroporto Internacional de Guarulhos. Muslim é professor universitário e estava acompanhado de sua esposa grávida de sete meses, seu filho de seis anos e sua sogra. Ele possuía visto que garantia sua permanência por até 90 dias no Brasil e estava vindo visitar o irmão, que é residente no país; sua família, de cidadania malaia, não precisava de visto.

Segundo a Polícia Federal, Muslim foi detido por fazer parte de uma lista de supostos terroristas produzida pelo FBI – serviço de inteligência e segurança dos Estados Unidos. O professor seria suspeito de integrar e apoiar organizações terroristas na Palestina. A deportação arbitrária pela Polícia Federal foi um pedido do FBI e do Mossad, serviço secreto israelense.

A cooperação da PF e de outros órgãos do Estado brasileiro, como a ABIN, com o serviço secreto sionista foi intensificada ao longo do governo do fascista Bolsonaro, com a compra de novas tecnologias, espionagem do povo brasileiro por Israel e, agora, o aumento da perseguição ao povo Palestino também em território brasileiro.

Cidadão palestino é deportado a mando de imperialistas

Organizações em apoio à comunidade palestina no Brasil, como o Instituto Brasil-Palestina (IBRASPAL), atuaram na defesa de Muslim e conseguiram uma liminar que impediria a deportação até que a PF “esclarecesse melhor fatos”. Porém, essa liminar foi revogada no último domingo (23) pela Justiça Federal de São Paulo e o cidadão palestino foi deportado de volta para a Malásia, de onde veio para o Brasil.

A decisão da Polícia Federal se baseia unicamente nas supostas investigações dos dois principais perpetradores do genocídio ao povo palestino: Israel e Estados Unidos. Porém, os maiores terroristas no mundo hoje são justamente os países que em quase 9 meses já assassinaram mais de 38.000 pessoas, sendo 23.000 mulheres e crianças.

A Polícia Federal se mostrou também subordinada aos interesses dos sionistas e imperialistas no Brasil e a disposição da justiça em perseguir a comunidade árabe-palestina no Brasil, corroborando para preconceitos e estereótipos contra a comunidade. O Estado brasileiro não reconhece a resistência palestina como terrorista e prosseguiram com a deportação com base em determinações de países estrangeiros, porém, não basta condenar formalmente o genocídio em Gaza e não realizar quaisquer ações de combate à essa política genocida, nem mesmo no seu próprio território.

Após ser deportado, o palestino declarou que sua deportação foi fruto de uma perseguição política à sua luta em favor da libertação da Palestina e que passou por exaustivo interrogatório sem a presença de advogado ou tradutor. Muslim disse que: “A polícia apresentou um conjunto de alegações fabricadas de apoio ao terrorismo, devido à minha atividade acadêmica em apoio à causa palestina e minha posição clara em apoio aos direitos palestinos e denunciando a ocupação sionista terrorista da Palestina. Infelizmente, meu advogado de defesa não teve tempo suficiente para refutar essas acusações infundadas, que simplesmente violam a própria Constituição brasileira, que estipula que o Brasil respeita o direito internacional, e a lei brasileira que não considera a resistência palestina como terrorismo” e exige desculpas formais e indenização.

É preciso que o Estado brasileiro investigue a verdadeira origem da deportação de Muslim e sua família e conduza medidas verdadeiras contra o genocídio do povo Palestino em Gaza e a perseguição à comunidade palestina em todo o globo.

Julian Assange consegue liberdade após 12 anos de luta

Após 12 anos de enfrentamento ao imperialismo, o jornalista australiano Julian Assange, fundador do site WikiLeaks, foi libertado após fechar acordo com a justiça do Reino Unido e dos EUA. Site de Assange foi responsável por expor a rede de espionagem e de crimes contra a humanidade cometido pelo governo dos EUA pelo mundo.

Redação


INTERNACIONAL – Após 7 anos refugiado na Embaixada do Equador em Londres e 5 anos preso numa penitenciária de segurança máxima, o jornalista australiano Julian Assange conseguiu um acordo com o judiciário estadunidense para garantir sua liberdade. Assange foi um dos fundadores do site WikiLeaks e responsável pela divulgação de documentos que provam crimes contra a humanidade e expuseram a rede de espionagem dos EUA pelo mundo.

As revelações de Assange levaram a uma perseguição implacável de três presidentes dos EUA (Obama, Trump e Biden), que mobilizaram os países aliados, principalmente o Reino Unido, para tentar a todo custo prender o jornalista. A ideia do governo estadunidense era conseguir a extradição de Assange e condená-lo por espionagem, o que de acordo com a lei dos EUA poderia levar a pena de morte.

Essa perseguição levou a 12 anos de mobilizações em todo o mundo pela libertação de Julian Assange. Movimentos sociais, organizações internacionais de jornalistas, sindicatos, organizações políticas e muitos governos progressistas do mundo se mobilizaram pela liberdade de Assange e contra os ataques à liberdade de imprensa.

Os ataques dos EUA ao jornalista e ao WikiLeaks mostraram nesse período a hipocrisia da tal “democracia americana” que persegue quem denuncia os crimes contra a humanidade cometido pelas forças imperialistas dos Estados Unidos.

Entre os documentos revelados pelo WikiLeaks está o manual de tortura elaborado pelo Exército dos EUA para torturar prisioneiros na base militar ilegal de Guantánamo, no extremo leste de Cuba. O site fundado por Assange também revelou centenas de milhares de documentos oficiais mostrando os massacres e crimes de guerra cometido pelos Estados Unidos no Iraque e Afeganistão. As revelações mostraram que pelo menos 60% dos mortos na Guerra do Iraque era civis desarmados.

Pelo acordo fechado com o judiciário estadunidense, Assange se dirige agora do Reino Unido para as Ilhas Marianas do Norte, território colonial dos EUA no Oceano Pacífico. Lá, Assange terá que se declarar culpado do crime de “conspiração” e depois poderá seguir em liberdade para a Austrália, seu país natal.

A conquista da libertação de Assange é uma vitória dos movimentos anti-imperialistas de todo o mundo. As revelações do Wikileaks foram fundamentais nas últimas décadas para ampliar a mobilização e a denúncia das guerras imperialistas cometidas pelos EUA.

Casa de Referência Inês Etienne Romeu resiste a ataques fascistas em Cabo Frio (RJ)

A Casa de Referência Inês Etienne Romeu, localizada em Cabo Frio (RJ), vem sofrendo diversos ataques que visam intimidar a luta das mulheres. Frente a esses ataques, o Movimento de Mulheres Olga Benário organizou uma plenária em apoio à ocupação.

Redação RJ


MULHERES – A Casa de Referência Inês Etienne Romeu, localizada na cidade de Cabo Frio (RJ), é um espaço de acolhimento para mulheres vítimas de violência e, nos últimos meses, vem sofrendo diversos ataques que visam intimidar a luta das mulheres.

Frente a esses ataques, o Movimento de Mulheres Olga Benário organizou, nesta segunda-feira (24), uma plenária em apoio à ocupação, para organizar respostas efetivas aos ataques que a casa vem sofrendo. A reunião contou com a presença de cerca de 50 apoiadores.

Casa de Referência Inês Etienne Romeu resiste

A ocupação Casa de Referência Inês Etienne Romeu existe desde novembro de 2023 e atua para denunciar a falta de políticas públicas para as mulheres na cidade de Cabo Frio e na Região dos Lagos, que é a segunda região mais perigosa para as mulheres no estado do Rio de Janeiro.

O imóvel encontrava-se sem qualquer tipo de função social há mais de uma década e em estado de completo abandono. Desde então, a casa foi completamente transformada a partir do trabalho voluntário e realiza importante trabalho entre as moradoras da cidade, especialmente no bairro do Itajuru, onde a casa fica localizada, oferecendo acolhimento para mulheres vítimas de violência e cursos e atividades culturais para a população.

Este trabalho pela vida das mulheres tem incomodado os setores mais reacionários da política da cidade. A ocupação sofre ataques sistemáticos desde novembro, quando começou suas atividades. Porém, esses ataques ganharam uma nova dimensão a partir do mês de março quando, na semana do dia 8 – Dia Internacional da Mulher -, o banner que identificava a casa foi queimado, e na, semana seguinte, o cadeado do portão foi violado.

Faixa que identificava a ocupação foi queimada. Foto: Olga/RJ.

Nas últimas semanas, a casa passou a sofrer de mais uma série de ataques sistemáticos, que buscam intimidar quem de fato constrói a luta em defesa da vida das mulheres na cidade. Políticos de extrema-direita propagam campanha contra a ocupação, e esses ataques ameçam diretamente a integridade das mulheres que constroem esse espaço.

Em um dia em que o Movimento de Mulheres Olga Benario realizava uma atividade de panfletagem e conversa com a população do bairro do Itajuru, nas imediações da casa, as militantes do movimento foram alvo de intimidações e contaram com o apoio de moradoras do bairro que apoiam o trabalho da Casa de Referência.

O último ataque aconteceu neste sábado (22), quando um grupo de homens, no meio da madrugada, vandalizou o muro da casa, pintando inteiramente de branco e cobrindo a pintura feita de forma voluntária pela artista Camila Santana, como uma forma de descredibilizar a ocupação.

Muro da Casa de Referência Inês Etienen Romeu com pintura da artista @muraisdacami. Foto: Olga/RJ.
Muro da Casa de Referência Inês Etienne Romeu foi vandalizado por fascistas. Foto: Olga/RJ.

Plenária organiza luta em defesa da ocupação

A plenária foi convocada no sentido de organizar uma resposta a esses ataques, tanto no sentido prático de organização da segurança da casa e de atividades de panfletagem na cidade para conversar com a população sobre os ataques que a casa tem sofrido nas últimas semanas. A mobilização também tem como objetivo organizar a cobrança pela cessão de uso do espaço, que foi prometida pela prefeitura desde o dia 25 de novembro do ano passado.

Diversos moradores estiveram na plenária para pensar a forma de construção de mais políticas públicas para a população. Uma pequena parcela de pessoas, que vieram protagonizando os últimos ataques, estiveram presentes na plenária para ameaçar a ocupação, inclusive com ameaças de incendiar o espaço. A plenária só pôde ser continuada quando, a partir de muita conversa, apresentação do trabalho do movimento e apoio dos moradores, esse grupo se retirou da ocupação.

A Casa de Referência Inês Etienne Romeu luta pela cessão de uso do espaço para que o poder público reconheça o espaço enquanto legítimo e tenha mais tranquilidade para continuar acolhendo as mulheres em situação de violência e oferecendo para essas uma oportunidade de emancipação política através da organização.

*Matéria em atualização

Servidores organizam saída unificada da greve nacional da rede federal de educação

Após conquistas de parte da pauta de reivindicações, professores e técnicos administrativos debatem a saída unificada da greve da educação federal. 

Redação


TRABALHADORES – Após cerca de 70 dias de greve, professores e técnicos administrativos das universidades e institutos federais de educação debatem a fim do movimento grevista. Até agora, a força do movimento grevista já conquistou a recomposição parcial do orçamento da educação, mudanças nos planos de carreira dos servidores e reajustes salariais em 2025 e 2026. 

O movimento paredista ocorreu em mais de 60 universidades e 500 campi dos institutos federais e foi a maior greve unificada do setor nos últimos anos. A motivação para a paralisação foi o fato do atual governo federal ter demorado em atender a reivindicação dos servidores e ainda ter anunciado um corte de mais de 300 milhões de reais no orçamento da educação para 2024.

Mesmo sem atingir a proposta máxima de recomposição das perdas salariais e do orçamento necessário nas instituições de ensino, a greve obteve significativos ganhos. Nos próximos dois anos Técnicos Administrativos e Docentes obterão ganhos salariais entre 14,5% e 60% a depender do cargo, tempo de trabalho e formação acadêmica. Sobre o orçamento de universidades e Institutos a recomposição do custeio foi de 30% da demanda.

No entanto, mesmo com as vitórias do movimento, o governo federal e o presidente Lula continuaram irredutíveis em aceitar um reajuste salarial já no ano de 2024. O motivo é o plano do governo em garantir o pagamento dos juros da dívida pública com o chamado “déficit zero”. Ou seja, os servidores ficaram sem reajuste neste ano para que o Estado usasse o dinheiro para dar para bancos e fundos financeiros detentores da dívida pública. 

Com o novo cenário, a maioria das bases do Sinasefe (representante dos servidores  dos institutos federais) e do ANDES-SN (representante dos professores das universidades) aprovaram o aceite do acordo com o governo. No entanto, a rodada de assembleias destas entidades ocorreu após a rodada de assembleias de base da Fasubra (representante dos Técnicos Administrativos), que havia aprovado a manutenção do processo de negociação com o governo.

“Nós do MLC acreditamos que é necessária a garantia da assinatura do acordo e a saída unificada das entidades nacionais da educação [ANDES, FASUBRA e SINASEFE] da greve, pois tudo que construímos em conjunto garantiu avanços para os orçamentos das instituições de ensino e para as categorias. A força da nossa unidade é a garantia das lutas que virão.”, afirmou Helena Nera, coordenadora da Fasubra e militante do Movimento Luta de Classes. 

Os sindicatos da educação federal se preparam agora para organizar um desfecho unificado para a greve que garantiu importantes vitórias para a educação pública federal, que vive sob ataque por mais de 10 anos. Nesse período, servidores viram seus salários serem arrochados, verbas para a manutenção das instituições foram cortadas e a pesquisa e o ensino superior foram fortemente atacados pelos governos do golpista Michel Temer e do fascista Bolsonaro. 

“Temos que garantir o fortalecimento das nossas entidades e da militância que se constituiu nessa greve nacional da educação. Defendemos a garantia de um texto que consolide as vitórias da greve no acordo a ser assinado e precisamos construir uma campanha unificada pela recomposição total do orçamento da educação, da [instituição] da data base no serviço público federal e a auditoria cidadã da dívida pública.”, afirmou Helena Nera na página do MLC no Instagram.

Mulheres tomam as ruas do país em manifestação contra o PL do Estupro

No último domingo (23/06), milhares de mulheres em várias partes do país tomaram as ruas em manifestação contra o chamado PL do estupro.

Nathália Alcáçova | Redação RJ


MULHERES – Dezenas de cidades do país registraram manifestações em repúdio ao PL 1904/24. As maiores manifestações ocorreram nas capitais dos estados do Sudeste. No interior, e em capitais de várias partes do Brasil, as mulheres também foram às ruas.

O Projeto de Lei 1904/24, proposto pelo deputado fascista Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) e apoiado pelo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL) prevê a proibição do aborto após a 22ª semana para mulheres e crianças que engravidarem vítimas de estupro. A pena para essas pessoas pode chegar a 20 anos de cadeia. As mulheres deram uma resposta e se reuniram em milhares em diversas cidades do Brasil.

No Rio de Janeiro, o ato foi uma caminhada do posto 4, na praia de Copacabana ao posto 1, no Leme. Foram milhares pessoas na rua exigindo o arquivamento do PL 1904, a cassação de Arthur Lira e Sóstenes Cavalcanti e a garantia do aborto legal, seguro e gratuito para mulheres e meninas.

Em Minas Gerais, dezenas de cidades do interior, além da capital Belo Horizonte, contaram com atos que denunciavam os ataques do centrão e dos fascistas aos direitos da mulheres.

Em São Paulo, a Avenida Paulista recebeu a segunda manifestação com milhares de pessoas, durante a manifestação um boneco representando o presidente da Câmara dos Deputados foi queimado para simbolizar o repúdio das mulheres do país a atual liderança dos deputados reacionários que votou a urgência do PL do Estupro.

Para a coordenadora nacional do Movimento de Mulheres Olga Benario Monique Zuma,  “os direitos das mulheres são os primeiros a serem retirados em qualquer crise, e o ato foi uma ação fundamental para dar enfrentamento ao avanço da extrema direita e do fascismo no Brasil. Milhares de pessoas nas ruas deram o recado de que não vamos aceitar retrocessos e esse ato foi só o começo de uma grande jornada de lutas.”

A movimentação das mulheres já pressionou os fascistas, que adiaram a votação do PL para o segundo semestre. Mas a luta não para, pois é necessário que esse projeto seja devidamente arquivado e que seus autores e apoiadores sejam cassados, por esses e outros crimes que cometem com a classe trabalhadora do país.

Mulheres de Cuiabá se mobilizam contra o PL 1904 em ato

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Na última segunda-feira (17), um importante ato mobilizou dezenas de pessoas contra o PL 1904, que ficou conhecido como o “PL do Estupro”. Este ato em Cuiabá não apenas marcou um dia de protesto, mas também fortaleceu a determinação de continuar lutando contra propostas que colocam em risco a segurança e a dignidade das mulheres.

Júlia Rosa e Luana Botelho | Cuiabá (MT)


MULHERES – Nesta última segunda-feira (17), um ato histórico, encabeçado pelo Movimento de Mulheres Olga Benario de Mato Grosso, mobilizou diversos movimentos sociais e dezenas de pessoas em defesa dos direitos das mulheres, meninas e pessoas que gestam na Praça Alencastro em Cuiabá, contra o PL 1904, que ficou conhecido como o “PL do Estupro”. Sob esse viés, munidos de cartazes que denunciavam essa proposta de lei, manifestantes reuniram-se para fazer ouvir suas vozes e repudiar tal iniciativa.

O protesto iniciou com a confecção de cartazes que expressavam o repúdio ao PL 1904, evidenciando sua conexão com a defesa de pedófilos e estupradores, algo que vai contra qualquer senso de justiça e de moralidade. Com essas mensagens visíveis, os participantes abriram espaço para discursos, permitindo que aqueles presentes compartilhassem suas perspectivas, histórias pessoais e razões pelas quais consideravam crucial lutar contra tal legislação.

As palavras de ordem ecoaram pela praça, expressando a indignação com o PL 1904, e também apontando diretamente para os deputados de Mato Grosso que apoiaram esse Projeto de Lei vergonhoso. Em gritos de ordem de desaprovação, nomes como Abílio Brunini e Coronel Fernanda foram destacados como responsáveis pela aprovação da urgência desse PL.

O ato não foi apenas uma manifestação de resistência, mas também um momento de união entre pessoas comprometidas com a proteção dos direitos humanos e das mulheres, meninas e pessoas que gestam. Nessa conjuntura, a presença e participação de tantos cidadãos demonstraram a força da mobilização popular em face de políticas que ameaçam retroceder nas conquistas sociais e nos direitos fundamentais, especialmente os direitos de todas as pessoas que gestam.

Em sua fala durante o ato, a companheira Ana Dacol Pistori, do Movimento de Mulheres Olga Benario de Mato Grosso, enfatizou a importância do evento e relembrou as pessoas presentes sobre a importância da continuação da luta para além de barrar o PL: “A gente não pode deixar essa luta esfriar, gente. Essa é uma oportunidade da gente se mobilizar nas ruas pra pedir muito mais do que só o arquivamento desse Projeto de Lei. A gente precisa pautar de fato a legalização do aborto. (…) Só organizando as mulheres nós vamos alcançar os nossos direitos”.

Diante disso, este ato em Cuiabá não apenas marcou um dia de protesto, mas também fortaleceu a determinação de continuar lutando contra propostas que colocam em risco a segurança e a dignidade das mulheres. Foi um momento de solidariedade, conscientização e ação, lembrando a todos que a voz coletiva é uma poderosa ferramenta na busca por uma sociedade mais justa e igualitária.

O Movimento de Mulheres Marxistas Olga Benario, inspirado pela luta revolucionária, trouxe à tona a urgência de políticas públicas que garantam os direitos reprodutivos das mulheres, dessa forma, em parceria com a Unidade Popular, Partido político que tem como um dos pilares a defesa dos direitos sociais e a transformação estrutural da sociedade, o ato não apenas denunciou o PL 1904 como também convocou outros movimentos e coletivos feministas para se unirem na resistência.

Mas o que é o PL 1904?

O Projeto de Lei 1904/24, proposto pelo deputado reacionário Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), e que teve sua urgência aprovada por deputados da extrema-direita, prevê a proibição do aborto após da 22ª de gestação em qualquer caso. O PL equipara o aborto ao crime de homicídio e a pena pode chegar até 20 anos de prisão.

No Brasil, o aborto é legalizado desde a década de 1940 em três casos: quando a gravidez apresenta risco a vida da pessoa que gesta, quando a gravidez é fruto de estupro e quando o feto é anencéfalo, ou seja, quando há má formação no tubo neural do feto durante o seu desenvolvimento.

O PL 1904, conhecido por suas disposições retrógradas e restritivas, representa um retrocesso nos avanços conquistados pelas mulheres brasileiras ao longo das últimas décadas, logo, essa aberração em forma de PL quer criminalizar vítimas de estupro com pena maior que a do próprio estuprador, que, quando condenado, fica preso por no máximo 10 anos.

Por que somos contra o PL 1904?

O aborto já acontece no Brasil: de acordo com o Ministério da Saúde, a cada dois dias uma mulher morre em decorrência da realização do procedimento de maneira insegura. O aborto seguro é questão de saúde pública. Além disso, é uma injustiça de classe, tendo em vista que mulheres ricas realizam o aborto de forma segura em clinicas particulares, enquanto as mulheres pobres, pretas e/ou periféricas não tem acesso a esse direito, e ainda são ameaçadas por esse PL fascista.

Ademais, dados do SUS apontam que, no ano de 2021, mais de 17 mil meninas de até 14 anos se tornaram gestantes fruto de estupro, mesmo com a legislação ao lado dessas crianças e adolescentes vítimas de um dos crimes mais bárbaros que existem.

Além disso, direito não se retira, se amplia. O aborto, nos três casos citados mais acima, é legalizado há mais de 80 anos no país e hoje em dia é oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS). E, apesar de muitas pessoas que gestam terem esse direito negado pelo Estado em vários casos, não deixa de ser uma grande conquista da classe trabalhadora.

Portanto, não se pode retroceder, o aborto deve ser legalizado em todos os casos. As pessoas que gestam devem ter autonomia sobre seus corpos e decidirem se querem ou não levar a gestação adiante. A luta também deve caminhar no sentido de garantia de educação sexual nas escolas e divulgação e distribuição gratuita de métodos contraceptivos.

A luta pelo aborto seguro é uma luta anticapitalista

A luta pelo direito ao aborto é parte de uma luta maior contra a exploração capitalista e pela emancipação de todos os trabalhadores e trabalhadoras. Nessa perspectiva, o direito ao aborto não deve ser visto apenas como uma questão de saúde pública ou de direitos individuais, mas como uma questão de justiça social, uma vez que a criminalização do aborto afeta desproporcionalmente as mulheres pobres e trabalhadoras, que não têm os meios para acessar abortos seguros, e consequentemente, são forçadas a recorrer a métodos clandestinos e perigosos, colocando suas vidas em risco.

Portanto, essa é uma luta contra a exploração capitalista e patriarcal. Somente através da abolição do capitalismo e da construção de uma sociedade verdadeiramente justa e igualitária, uma sociedade socialista, onde a produção é organizada para atender às necessidades de todos, e não aos lucros de poucos, poderemos garantir verdadeiramente a liberdade e a igualdade para todas as mulheres.

Ações da Sabesp são colocadas à venda, movimentos defendem plebiscito e anulação da privatização

Na última sexta-feira (21), o governo de São Paulo anunciou a oferta pública de parte das suas ações da Sabesp, avançando o processo de privatização da empresa. Entre os dias 24 e 28 de junho, empresas cadastradas na B3 poderão fazer ofertas para comprar 15% das ações da empresa. A partir de 1º de julho, será aberta a venda de mais 17% das ações para outros investidores, incluindo pessoas físicas. Movimentos sociais continuam lutando por um plebiscito popular e pela anulação do processo de privatização.

Cadu Machado | Redação


SÃO PAULO. O anúncio súbito do prospecto de ações da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) na Bolsa de Valores de São Paulo, feito na última sexta-feira (21) após o fechamento do mercado, trouxe à tona discussões e preocupações sobre o futuro do saneamento e do acesso à água no Brasil. Atualmente, o Estado detém 50,3% das ações da Sabesp, percentual que deve cair para 18% após a privatização. Mesmo com a venda, o governo manterá poder de veto em algumas decisões, mas isso não é suficiente para garantir que o serviço continuará a servir o interesse público.

Os interessados em se tornarem investidores de referência na Sabesp terão entre os dias 24 e 28 de junho para definir seus preços de oferta. O investidor de referência, que será escolhido neste processo, adquirirá 15% das ações da Sabesp. Este investidor não poderá vender suas ações até 2029, além de ser proibido de investir em empresas concorrentes da Sabesp durante esse período. A disputa pelo posto de investidor de referência está atualmente entre as empresas Aegea e Equatorial.

A oferta de privatização está sendo coordenada por 12 bancos, com cinco deles atuando como líderes: BTG Pactual, UBS-BB, Bank of America, Itaú BBA e Citi. O processo passou por uma avaliação da comissão de valores mobiliários (Securities and Exchange Commission) dos Estados Unidos, que recebeu um documento detalhando o processo de privatização.

Todo este movimento do governo de São Paulo revela o caráter imperialista e antipopular desta privatização. Enquanto a população foi impedida de expressar sua opinião e defender a Sabesp pública, o governo dos Estados Unidos está acompanhando de perto, opinando e autorizando o processo de venda da água do povo de São Paulo.

Privatização antidemocrática e ilegal

Todo o processo de privatização da Sabesp é absolutamente controverso, cheio de ilegalidades e sem participação popular. O início do processo se deu com a aprovação na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), que ocorreu sob muita violência e prisões de lutadores sociais, no episódio que ficou conhecido como a “Batalha da Alesp”. Em seguida, a Câmara de Vereadores de São Paulo aprovou a privatização na capital de maneira ilegal, desrespeitando decisões judiciais que não haviam autorizado a votação e, novamente, expulsando do plenário os que se manifestaram contrarios. 

Agora, o governo avança com a abertura de ações na bolsa de valores de forma abrupta e apressada, demonstrando uma clara intenção de impor a privatização sem consultar a população, ignorando a crescente demanda por um plebiscito e a opinião pública.

A Sabesp é vital para o saneamento no estado de São Paulo, atendendo 375 municípios e 28 milhões de clientes. Em 2022, a empresa registrou um lucro de R$ 3,1 bilhões e seu valor de mercado chegou a R$ 39,1 bilhões. A empresa terá um investidor de referência, escolhido separadamente da oferta para o público geral. As reservas de ações vão de 1º a 15 de julho, e a conclusão da venda está prevista para 22 de julho.

A privatização pode comprometer o acesso justo e eficiente à água e ao saneamento, colocando em risco o interesse público em prol de interesses privados. Movimentos sociais estão se organizando para combater a privatização da Sabesp. Argumentam que a venda das ações na Bolsa de Valores (B3), assim como todo o processo de venda da água, não deveria ser realizada sem a aprovação do povo através de um plebiscito. 

Para os movimentos, é crucial garantir que a decisão sobre o futuro da Sabesp, uma empresa que fornece um serviço essencial como o saneamento básico, seja tomada democraticamente e reflita verdadeiramente a vontade da população. Um ato está sendo organizado para barrar mais este avanço no processo de privatização da Sabesp.

 

Deputados querem votar PEC que libera exploração do trabalho infantil

Articulação de deputados fascistas e do Centrão pode levar a votação da PEC que permitirá a exploração do trabalho infantil. Proposta prevê liberação do trabalho a partir dos 14 anos e da chamada “aprendizagem” abaixo dessa idade.

Redação


BRASIL – Em mais um ataque aos direitos de crianças e adolescentes, deputados de direita e fascistas querem aprovar uma Proposta de Emenda à Constituição que permitirá aos adolescentes a partir de 14 anos assinarem contrato de trabalho e crianças menores de 14 anos poderiam trabalhar na condição de aprendizes. Hoje, a Constituição permite que jovens a partir desta idade sejam apenas aprendizes, ou seja, que possam trabalhar desde que estejam estudando, sendo vedadas atividades insalubres.

Ao invés de combater o trabalho infantil, de propor soluções para as crianças que estão nas ruas das grandes cidades, que são obrigadas a trabalhar, em alguns casos, em regime de escravidão, os deputados fascistas querem legalizar esta exploração. Nada de novo vindo de um grupo de parlamentares que querem também que crianças vítimas de estupro não possam realizar aborto legal no país.

De acordo com o relatório do deputado fascista Gilson Marques (NOVO-SC), a Constituição teria a seguinte redação sobre o trabalho infantil: “proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre aos menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de quatorze anos, salvo na condição de aprendiz.”

Ou seja, a partir de 14 anos qualquer jovem poderá ser contratado em regime de trabalho normal, excetuando as situações de trabalho noturno e insalubre. Abaixo dessa idade, as crianças poderiam ser contratadas na condição de aprendiz, com salários menores, o que ocorre hoje com adolescentes de 14 a 18 anos.

Fim do trabalho infantil é conquista histórica dos trabalhadores 

Os comunistas e a classe trabalhadora mundial, desde 1848, se mobilizam contra o trabalho infantil. No Manifesto do Partido Comunista, Karl Marx e Friedrich Engels propunham a “educação pública e gratuita de todas as crianças, abolição do trabalho das crianças nas fábricas, tal como é praticado hoje.”

Desde então, após décadas de greves, lutas e revoluções, os trabalhadores conquistaram este direito às crianças em muitos países. Ainda assim, com o avanço do capitalismo no mundo, cada vez mais crianças são forçadas a trabalhar para sobreviver.

No nosso país, por causa das lutas dos trabalhadores contra a Ditadura Militar Fascista, a burguesia foi forçada a aceitar a proibição do trabalho infantil na Constituição de 1988, mas impôs a lei da aprendizagem, a partir do 14 anos. Antes, a Constituição da Ditadura impunha o trabalho às crianças a partir dos 12 anos.

Ou seja, a proposta dos fascistas e do Centrão é retroceder 50 anos nos direitos das crianças e adolescentes do Brasil. Assim como querem retroceder 70 anos nos direitos das mulheres, querem o mesmo com nossas crianças. Para os fascistas, lugar de criança não é na escola, mas submetida à exploração.

É preciso ampliar a mobilização do povo contra o fascismo, pois estes só querem morte, destruição e exploração dos trabalhadores para garantir os lucros de meia dúzia de bilionários.

 

Trabalhadores terceirizados denunciam o atraso de pagamentos em Natal

Segundo trabalhadores terceirizados, empresas de serviços de limpeza estão há mais de 3 meses sem pagar salários. Empresas justificam que estão em dia com o prazo dos pagamentos e demitem trabalhadores que denunciam.

Alice Morais | Natal


TRABALHADOR UNIDO — Segundo trabalhadores terceirizados do município, as empresas Locatudo, Clarear e JMT, localizadas na cidade de Natal e que prestam serviços de limpeza à Prefeitura do município, atrasaram o salário em mais de 60 dias. Além disso, segundo os relatos, apesar de serem empresas registradas como prestadoras de serviços de limpeza, contratam pessoas para trabalhar nos serviços municipais em outras funções, como merendeira ou psicóloga escolar.

“A terceirização é um serviço nojento. Além de trabalharmos as mesmas horas (e às vezes até mais) que trabalhadores CLT ou servidores, recebemos ainda menos e não temos nenhum direito trabalhista sequer e se a gente quer se movimentar, a demissão vem bem bonitinha pra você. Um pessoal do trabalho estava querendo se movimentar pra ir pra porta da empresa brigar pelo pagamento, mas aí a empresa começou a coletar os nomes e já chamou algumas pessoas, que eles sabem que estavam querendo se movimentar ou contatar o sindicato, para assinar a rescisão de contrato” relata Maria*, trabalhadora terceirizada em uma escola da Zona Norte da cidade.

A terceirização do trabalho foi ampliada na reforma trabalhista, aprovada no governo golpista de Michel Temer (MDB), que retirou mais de 100 leis da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), precarizando muito as condições dos trabalhadores brasileiros. Com isso, diversas pessoas passaram a trabalhar à margem da lei: a empresa ou órgão contratante transfere sua responsabilidade para com os frágeis direitos trabalhistas para uma outra empresa, fazendo assim com que as demissões sejam facilitadas.

Esta contra-reforma impacta negativamente na qualidade de vida dos trabalhadores e torna a organização da nossa classe ainda mais difícil, incluindo a representação sindical. Por isso, empresários, pertencentes à classe dominante, a classe burguesa, e o aparelho Estatal que serve aos seus interesses, optam pelos serviços terceirizados, porque conseguem diminuir o custo por empregado e assim obter mais lucro pelas mesmas horas de serviço de cada trabalhador.

 

Terceirização promove perseguição política e precarização dos serviços

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 4,3 milhões dos profissionais eram terceirizados em 2020, já correspondendo a cerca de 25% dos trabalhadores formais. Isso é muita coisa! Significa que um em cada quatro trabalhadores brasileiros não têm direitos básicos, como auxílio desemprego e estabilidade no cargo para se organizar e lutar por maiores direitos. 

Outra consequência da terceirização é o sucateamento do setor de serviços, visto que este setor concentra 70% de todos os trabalhadores brasileiros terceirizados, sendo este, portanto, o setor mais terceirizado do país. Para alcançar a máxima redução de custos e gerar ainda mais lucro para poucas pessoas (no caso de empresas privadas) ou destinar dinheiro para outros gastos (no caso de empresas e órgãos estatais), a exemplo da dívida pública (que desde a ditadura militar segue não auditorada), o caminho é a terceirização de cada vez mais setores.

Com isso, os patrões e governos de direita estão ainda mais seguros para explorar a classe trabalhadora, utilizando-se de demissões, perseguições, atrasos na folha de pagamento, e demais ações repressivas e que destroem a dignidade de toda a nossa classe.

No último dia 21 de maio, trabalhadores terceirizados de Natal denunciaram a perseguição política da Prefeitura exercida pelo chefe dos recursos humanos da Secretaria Municipal de Educação (SME), Daniel Rendal. “Esse senhor, pré-candidato a vereador, tem usado do assédio moral com ameaças de demissões numa pressão política criminosa sobre os trabalhadores terceirizados que não concordam em apoiar o prefeito de Álvaro Dias (Republicanos)”, diz nota anônima lançada.

“Não raramente temos que ir aos comícios do Prefeito, apoiado pelo Sr. Daniel Rendal. Além de ter que fazer campanha para os seus candidatos, somos ameaçados de demissão se não fizermos e [quando não] declaramos apoio abertamente. Logo quando assinamos o contrato com a empresa para algum serviço em escola ou creche, somos colocados em contato com ele [Rendal] sob a justificativa de que ‘ele gosta de conhecer as equipes que trabalham nas escolas’ e já começam as pressões”, Maria* acrescenta.

Com um trabalho precarizado e a falta de investimento em serviços públicos, a Prefeitura de Natal governa para a burguesia da cidade garantindo a continuidade da desigualdade social.

O caminho é a luta

As reformas trabalhista e da previdência foram e continuam sendo um ataque à classe trabalhadora em nosso país e, justamente por retirar direitos e dificultar a organização sindical, acelera o processo de desmobilização dos trabalhadores. Contudo, enquanto classe explorada, o proletariado não consegue nenhuma melhoria na qualidade de vida se não se organizar contra seus exploradores. 

Por isso, para combater as reformas que beneficiam os capitalistas e promovem a precarização do trabalho, não se pode esperar que partidos de direita, que defendem os interesses dos ricos e que são a maioria no Congresso Nacional e na Câmara dos Deputados, decidam conceder esses direitos aos trabalhadores: é necessário que os trabalhadores se organizem aos milhares para lutar contra a terceirização e a precarização. 

*Nome fictício para resguardo da identidade

Crescer o partido: filiar aos milhares e organizar os núcleos!

Organização de núcleos e dedicação ao trabalho de construção do partido são tarefas decisivas para os militantes da Unidade Popular (UP). Crescimento de 200% nos últimos anos é caminho para transformar a UP em um poderoso instrumento da luta anticapitalista

Juliete Pantoja* | Rio de Janeiro (RJ)


“Nossos objetivos só podem ser alcançados conquistando as amplas massas oprimidas para se mobilizarem pelos seus direitos e contra o regime de exploração capitalista. A tarefa que se impõe, portanto, é a de nos tornarmos um grande partido, depositário da confiança das massas e impulsionado por suas lutas.” (Teses ao 3º Congresso Nacional da UP, novembro de 2023)

Desde o primeiro ano de fundação da Unidade Popular (UP), ficou clara a enorme responsabilidade do Partido perante a conjuntura. Coube à UP impulsionar o enfrentamento nas ruas ao governo fascista de Jair Bolsonaro e suas medidas antipovo, que jogou milhões de trabalhadores brasileiros no desemprego, na fome e na pobreza, enquanto deixava empresários, usineiros e latifundiários cada vez mais ricos.

As grandes manifestações que se seguiram durante a pandemia para exigir vacina e auxílio emergencial se somaram à rede de solidariedade, em que o próprio povo dividia o pouco que tinha para garantir comida no prato dos lares mais atingidos pela fome.

Em todas essas iniciativas, a militância incansável da UP esteve presente de Norte a Sul do país, o que fez crescer o número de pessoas pedindo ingresso ao Partido. Esse crescimento quantitativo provocou também uma maior penetração nas lutas locais, demandando um aumento na organização dos núcleos e grupos de trabalho em cada localidade.

Os núcleos desempenham um papel vital, pois, através deles, a luta pela transformação radical da sociedade se transforma em trabalho de base diário. É também esse trabalho constante e sistemático, aliado à agitação e à propaganda (inclusive no processo eleitoral), que gera um grande crescimento do Partido, como comprovam os aumentos de filiações logo após as eleições municipais de 2020 e a eleição nacional de 2022.

UP cresceu 200% em menos de dois anos

A palavra de ordem “Crescer o partido: filiar aos milhares e organizar os núcleos”, apresentada na Tese ao 3º Congresso Nacional da UP, em 2023, trouxe para o centro do debate a urgente tarefa de organizar os milhares de jovens, mulheres e trabalhadores que tomaram conhecimento da existência de um partido que, mesmo sem fundo partidário ou tempo de TV, ocupou bairros e periferias por todo o país para defender um programa de esquerda, popular e revolucionário.

Desde então, filiar todos que buscam a UP, de forma rápida e organizada, tem sido um desafio constante. Na maioria dos estados, não temos ainda responsáveis pelo processamento e acompanhamento sistemático do processo de filiação, que permanece artesanal e extremamente lento.

Do final de 2022 a abril de 2024, crescemos 200%, pois chegaram milhares de novos pedidos de filiação de toda a parte do Brasil. Os estados que mais cresceram em número de filiações (SP, RJ, MG, DF e RS) também mantiveram reuniões de núcleo regulares. Há também estados que mantiveram crescimento constante, como SC, GO, PE e PB, que possuem responsáveis pelo processo.

Desde março deste ano, o Diretório Nacional estabeleceu uma comissão de filiação para auxiliar nesse trabalho e avançou o debate sobre a metodologia no processamento e acompanhamento das metas de cada estado.

Quando existe uma grande quantidade de pedidos acumulados, a melhor forma para encaminhar é destacar um responsável para cuidar especialmente da tarefa de filiação. Esse responsável deverá contatar diretamente todas as pessoas interessadas, convidando-as para uma plenária de apresentação do Partido, coordenada por um membro do Diretório ou da comissão de filiação, caso haja.

Na plenária, são apresentados os movimentos e organizações que constroem a Unidade Popular, como foi o processo de registro da UP e os princípios políticos de organização e autossustentação que nos norteiam. Este é um momento importante, pois possibilita aos interessados tirarem dúvidas dos mais variados temas, efetivar a filiação e já direcionar os novos militantes aos núcleos. Caso também tenham interesse em ingressar em algum dos movimentos sociais que integram a UP, já podem conversar diretamente com os coordenadores destes.

Cada pessoa, para se tornar membro, precisa concordar com o programa, os fundamentos da organização partidária e o Estatuto e pagar uma contribuição mensal. Após isso, o filiado deve ser direcionado a um núcleo do partido, onde desenvolverá sua ação prática cotidiana. É no núcleo ativo, com reuniões regulares, que o filiado debate sua ação prática e se integra nas atividades políticas, como as brigadas do jornal A Verdade, panfletagens, cursos, etc.

No processo eleitoral que se aproxima, todo militante deve contribuir para a formulação do programa socialista para as cidades, que será apresentado pelo Partido, com o objetivo de aumentar a denúncia dos crimes cometidos pelos ricos, apresentar nossas ideias e propostas para milhares de trabalhadores.

Assim, a Unidade Popular se tornará um grande e poderoso instrumento a serviço da luta contra a exploração capitalista!

*Juliete Pantoja é presidente da UP-RJ

Matéria publicada na edição nº 293 do jornal A Verdade