UM JORNAL DOS TRABALHADORES NA LUTA PELO SOCIALISMO

quinta-feira, 11 de setembro de 2025
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Sucateamento da saúde motiva criação de Frente Popular em Defesa do SUS em Cabo Frio (RJ)

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Em Cabo Frio, cidade no litoral do estado do Rio de Janeiro, o sucateamento do SUS motivou a criação de uma frente de luta por mais investimento e valorização profissional na área da Saúde.

Maíra Navarro* | Cabo Frio (RJ)


SAÚDE – Não é de hoje que o descaso com a saúde pública afeta diretamente a classe trabalhadora no nosso país. Em Cabo Frio, cidade no litoral do estado do Rio de Janeiro, o sucateamento das unidades de saúde, a falta de insumos e medicamentos para o atendimento da população e as irregularidades contratuais são alguns dos problemas enfrentados diariamente pelos profissionais de saúde e usuários do SUS.

A cidade de Cabo Frio está localizada na Costa do Sol e é o município com a maior economia da região, recebendo grande retorno dos royalties do petróleo e, também, da indústria do turismo. Apesar de seu elevado faturamento, o investimento em saúde não tem sido prioridade dos governos, gerando uma realidade de sucateamento do sistema de saúde da cidade.

Precarização das Unidades de Saúde

Fragilizada, a população que necessita de cuidados com a saúde, busca atendimento nos postos de atenção primária e nos hospitais da cidade. Mas, ao chegar na unidade, os pacientes encontram diversas limitações que dificultam, ou até mesmo impedem, um tratamento de qualidade.

Dentre os principais problemas estão a falta de insumos e medicamentos, a falta de infraestrutura adequada das unidades e o número insuficiente de profissionais capacitados. Além disso, a falta de mesas, cadeiras, ventiladores, geladeiras e água potável comprometem qualidade do trabalho realizado. Esses entraves levam a restrição dos serviços prestados à população que, mais uma vez, é penalizada pelo poder público.

Desvalorização dos profissionais

Se do ponto de vista do usuário do SUS, o cenário é precário, para o profissional a condição não é diferente. Centenas de trabalhadores da Secretaria Municipal de Saúde de Cabo Frio não possuem, por exemplo, contratos de trabalho e sofrem com inúmeras irregularidades trabalhistas.

Através de denúncias e processos administrativos, esses profissionais buscam por diálogo com a prefeitura e a secretaria a fim de regularizarem seus contratos trabalhistas. Além disso, buscam acabar com os descontos irregulares de salários e com cortes de trabalhadores sem motivação legal e garantir condições de trabalho dignas para atender à população.

Criação da Frente Popular em Defesa do SUS em Cabo Frio

Diante desse preocupante sucateamento da saúde em Cabo Frio e cansada de esperar, a população cobra, urgentemente, ações concretas que revertam essa situação. 

A Frente Popular em Defesa do SUS em Cabo Frio surge como um potente mecanismo de luta da classe trabalhadora por melhorias na saúde do município. É formada por usuários do SUS e profissionais da saúde que, muitas vezes, se sentem impotentes diante de tamanho descaso e estão reunidos para lutar por mais investimento na área da saúde da cidade e o fortalecimento de um sistema público eficaz. O principal objetivo é assegurar um atendimento digno aos usuários do SUS, assim como garantir a valorização de seus profissionais.

Somente com o engajamento contínuo e a mobilização popular é possível enfrentar e superar o sucateamento da saúde pública na cidade de Cabo Frio.

*Profissional da Saúde e integrante da Frente Popular em Defesa do SUS

Estudantes de design se mobilizam em apoio à greve da educação federal em todo país

Estudantes de design em todo o país estão mobilizados em apoio à greve dos técnicos e docentes, defendendo a educação pública e pressionando por soluções para os problemas que afetam as universidades.

João Montenegro | Recife


JUVENTUDE – Em um esforço conjunto contra a precarização das condições de trabalho e infraestrutura das universidades públicas, entidades estudantis de design têm promovido importantes ações em todo país apoiando a greve nacional dos docentes e trabalhadores técnico-administrativos em educação (TAEs) do ensino superior. As ações demonstram a força e o engajamento dos designers, que estão lutando por seus direitos e por uma educação pública de qualidade.

Designers de Santa Catarina se mobilizam em defesa da greve

O Centro Acadêmico de Design e Design de Produto da Universidade Federal de Santa Catarina (CADe UFSC) destacou-se na liderança dessas iniciativas, mobilizando a comunidade acadêmica e organizando uma série de atividades culturais e educativas.

Desde o início da greve dos TAEs, em 11 de março, o CADe UFSC tem trabalhado incansavelmente para unir estudantes, professores e técnicos em prol da valorização da educação pública. A precarização das condições de trabalho e infraestrutura na UFSC é um problema crônico, com salas de aula deterioradas, laboratórios sem materiais e prédios em estado crítico. Em resposta, o CADe UFSC tem realizado assembleias estudantis, promovido debates e a criação de grupos de trabalho a fim de manter a mobilização contínua.

Uma das principais ações ocorreu em 5 de abril, quando a entidade convocou uma assembleia que resultou na aprovação do estado de greve para os cursos de Design e Design de Produto. Esse movimento culminou em diversas atividades engajadoras, como mutirões de limpeza, oficinas de zine, intervenções urbanas e performances artísticas.

A mobilização também envolveu uma reunião aberta com o reitor da UFSC, Irineu Manoel de Souza, em 16 de abril, onde se discutiu a necessidade urgente de reparos na infraestrutura do Centro de Comunicação e Expressão (CCE). A comunidade acadêmica teve a oportunidade de expressar suas preocupações e cobrar melhorias concretas, fortalecendo a pressão por ações efetivas da reitoria.

Mobilizações em Pernambuco

Em Pernambuco, o movimento estudantil de design também mostrou força. No Instituto Federal de Pernambuco (IFPE), os estudantes e coordenação do curso de Design aderiram à greve em 11 de abril, desde então vem promovendo debates, exibições de documentários, oficinas e sorteios. 

Como um dos motes das ações é não deixar a universidade vazia, as atividades são abertas a todos os interessados em contribuir e visam transformar a greve em um momento pedagógico e democrático, conscientizando os estudantes, técnicos e professores sobre a importância da universidade pública. As ações grevistas também resultaram em uma parceria recém-anunciada entre a editora Clube do Livro do Design e a Gráfica-Escola do curso, que será responsável pela impressão de “Automação e autonomia: dois ensaios sobre design”, por J. Dakota Brown, uma publicação de caráter anticapitalista sobre o campo do design. A importante parceria serve para incentivar a formação prática e o debate crítico entre os estudantes.

Ainda em Pernambuco, no dia 23 de abril, o Diretório Acadêmico de Design da Universidade Federal de Pernambuco (DADe UFPE) realizou uma Assembleia Extraordinária em que os estudantes aderiram à greve estudantil como forma de apoio às mobilizações dos técnicos e docentes.

Com a greve aprovada, o DADe se comprometeu a organizar atividades para manter a mobilização, como reuniões de formação, oficinas, debates e atos públicos. Um Comando de Greve foi formado, permitindo a participação de todos os estudantes interessados na organização e divulgação das atividades.

O diretório também convocou os estudantes a participarem do Ato Nacional Unificado em Defesa das Universidades, Institutos Federais e CEFETs, realizado no dia 9 de maio contra as políticas neoliberais de sucateamento e privatização da educação pública.

Estudantes demonstram zelo pela universidade na Bahia

Na Universidade Federal da Bahia (UFBA), o Centro Acadêmico Unificado da Escola de Belas Artes (CAUEBA) liderou a mobilização com reuniões e atividades culturais, incluindo o Mutirão pelos Espaços de Convivência, que visou revitalizar os espaços utilizados pelos estudantes. O mutirão contou com doações de móveis e recursos para a compra de materiais.

O CAUEBA também promoveu performances, protestos criativos, oficinas de zine, intervenções urbanas e uma feira de trocas. Essas atividades visam não apenas a mobilização, mas também a ocupação criativa dos espaços da universidade, reforçando a importância da arte e da cultura como formas de resistência.

CoNE promove articulação a nível nacional

Em âmbito nacional, o Conselho Nacional dos Estudantes de Design (CoNE), fórum em que entidades estudantis de design de todo Brasil deliberam sobre diversos assuntos, realizou uma Assembleia Geral Extraordinária em 19 de maio. No evento, além da renovação da Mesa Coordenadora do fórum, foi discutida a situação enfrentada pelas entidades de design e a necessidade de um calendário de greves a nível nacional. Representantes de diversas universidades compartilharam suas experiências e desafios, destacando a importância de eventos como palestras, oficinas e mobilizações para fortalecer o movimento estudantil de design. 

Ainda foi discutida a possibilidade de elaborar uma carta nacional sobre as causas da greve, a atual conjuntura política e a necessidade de mobilização estudantil. Também foi enfatizada a necessidade das entidades de design realizarem assembleias regionais para articular atos e ações grevistas.

Além do apoio à greve dos técnicos e docentes, a mobilização estudantil tem sido um pilar fundamental na luta pela recomposição orçamentária e melhoria das condições de ensino, pesquisa e extensão. As ações promovidas pelas entidades de design refletem a determinação dos estudantes em defender a universidade pública e garantir uma educação de qualidade para todos. A união e participação ativa de todos os designers são essenciais para enfrentar os desafios impostos pelas políticas neoliberais de austeridade que visam destruir a universidade pública.

Eleições na Índia ampliam oposição ao fascista Modi

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Após série de greves gerais, trabalhadores impõem revés ao primeiro-ministro fascista nas eleições na Índia. O grupo governante não tem mais maioria no parlamento e terá que negociar com outros partidos para se manter no poder

Guilherme Arruda | Redação


INTERNACIONAL – Divulgado nesta terça-feira (4/6), o resultado das eleições na Índia indica que o primeiro-ministro Narendra Modi deverá seguir no cargo. Contudo, devido à grande rejeição do povo indiano a suas políticas neoliberais e fascistas, a bancada de seu partido no parlamento diminuiu em quase 20%.

Desde sua ascensão ao poder, em 2014, os trabalhadores da Índia vêm demonstrando sua insatisfação com Modi. No ano de 2020, mesmo com a pandemia, os camponeses indianos realizaram a maior greve geral de sua história, mobilizando centenas de milhões de pessoas em bloqueios de estradas e marchas ao redor do país. Com sua luta, revogaram três leis que prejudicariam os pequenos agricultores locais para beneficiar as multinacionais do agronegócio. Em 2015, outra paralisação nacional envolveu 150 milhões de operários.

A propaganda religiosa de Modi, que tenta atrair os indianos da religião hindu para ideias supremacistas, também é alvo de protesto dos setores democráticos e de minorias religiosas como os muçulmanos e os Sikh. O aumento do desemprego (hoje, na casa dos 8%) e o crescimento da inflação (em torno de 5% anuais) completaram o cenário de insatisfação dos trabalhadores, que puniram o primeiro-ministro e seu partido, conhecido pela sigla BJP, nas ruas e nas eleições.

Com a nova composição do Poder Legislativo imposta pelas lutas populares, o partido de Modi não tem maioria sozinho. O BJP terá 240 deputados, menos da metade de um total de 543 assentos em disputa. Os grupos de oposição, por sua vez, elegeram 234 parlamentares, o dobro de sua bancada anterior, mas ainda insuficiente para constituir governo.

Por conta do sistema parlamentarista indiano, em que os deputados eleitos escolhem o novo primeiro-ministro, Modi terá que negociar com partidos menores para ser indicado ao cargo mais uma vez.

Como Narendra Modi governa

O governo do BJP é marcada por um crescente autoritarismo contra a classe trabalhadora indiana. Há muitos relatos de que a polícia do país espiona secretamente opositores e o sistema de Justiça os prende sob falsas acusações. Há alguns meses, o serviço secreto da Índia assassinou um líder da minoria Sikh que estava exilado no Canadá. Além disso, a perseguição religiosa aos muçulmanos também se desdobra em uma campanha racista, que chega a dizer que esses cidadãos não seriam “tão verdadeiramente indiano” quantos os hindus.

No cenário internacional, a Índia tem se destacado pelo apoio ao genocídio perpetrado por Israel na Faixa de Gaza contra o povo palestino. Dezenas de fascistas indianos, apoiadores do atual governo, se voluntariam para lutar no exército sionista. Antes disso, Modi também já trabalhava para fortalecer os laços comerciais com o colonialismo israelense.

O primeiro-ministro também ampliou as relações de subordinação da Índia ao mando do imperialismo dos Estados Unidos. Em 2017, ele conduziu a participação do país na recriação da aliança militar conhecida como Quad, composta também por EUA, Japão e Austrália, com o objetivo de impor os interesses econômicos e políticos do Ocidente na região da Ásia-Pacífico.

Tarefas do povo e dos comunistas

Recentemente, o jornal indiano Revolutionary Democracy, que difunde uma visão de mundo marxista-leninista no país, fez uma avaliação do processo eleitoral. No artigo, denominado “As eleições gerais na Índia em 2024“, ele aponta que “a despeito de todos os esforços de Modi e seus amigos corporativos, a resistência a seu poder e suas políticas é generalizada e não descansa”.

Ao mesmo tempo, o periódico lembra que o maior partido da oposição burguesa, o Congresso Nacional Indiano, foi quem “deu início à reestruturação neoliberal da política e da economia da Índia”. Por isso, elegê-los também não resolveria os problemas da vida do povo.

Nesse cenário, as lutas para derrubar o governo fascista devem “se sustentar na mobilização em larga escala das massas”, e não apenas na participação nas eleições, defende o Revolutionary Democracy.

A tarefa dos trabalhadores agora “é organizar múltiplas lutas que vão por um fim às políticas de Modi”, concluem os revolucionários indianos.

MLB faz encontro com famílias e elege nova coordenação no Rio de Janeiro

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Encontro do MLB reúne mais de 200 famílias no Rio de Janeiro para debater a luta por moradia digna. Atividade aprofundou organização do movimento num dos estados com maiores déficits habitacionais do Brasil.

Coordenação Estadual do MLB – RJ


LUTA POPULAR – No último sábado, 25 de maio, o Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) realizou o primeiro encontrão estadual de famílias lutadoras do movimento no Rio de Janeiro. O encontro teve como objetivo aprofundar a relação política com as famílias, renovar a coordenação do movimento e organizar as lutas do próximo período. O evento foi apelidado de “encontrão” porque teve como meta reunir as famílias que se reúnem nos núcleos de base da organização assim como nos núcleos de luta e aliados que constroem o movimento. 

A atividade contou com mais de 200 família, representando a base do movimento, de seis cidades diferentes: Rio de Janeiro, Duque de Caxias, Belford Roxo, São Pedro da Aldeia, Macaé e Rio das Ostras. Da capital, onde o movimento tem o maior trabalho, participaram famílias das ocupações Vito Giannoti, São Januário e Moisés e dos núcleos espalhados entre o centro e as zonas norte e oeste da cidade.

O encontro do MLB foi aberto por uma mesa de debates com a participação de Mariana Trotta, professora da UFRJ e advogada popular do Núcleo de Assessoria Jurídica Popular Luiza Mahin (NAJUP), Selma Almeida, da Coordenação Nacional do MLB, Gabriel GB, do Partido Comunista Revolucionário, Juliete Pantoja, presidente estadual da Unidade Popular e pré-candidata a prefeitura do Rio e Renan Carvalho, coordenador estadual e nacional do movimento. Durante essa mesa foram feitas saudações de movimentos e parlamentares parceiros, como a Central de Movimentos Populares (CMP), o Movimento Unido dos Camelôs (MUCA) e a vereadora Monica Cunha, entre outros.

Para Renan Carvalho, “O MLB está vivendo um grande momento, de grandes vitórias como a conquista do compromisso de construção de 110 casas para famílias pobres no centro da cidade e a distribuição permanente de cestas básicas, fruto das lutas tocadas nos últimos anos, e temos o desafio de politizar essas conquistas e transformá-las em combustível para mais lutas!”

Na parte da tarde, as famílias se dividiram em três grupos de debates que discutiram as relações da luta da moradia com a luta das mulheres, do povo negro e a importância da construção da Escola Nacional Eliana Silva e do trabalho comunitário. 

Outro destaque do Encontrão foi a creche organizada pelos camaradas da Unidade Popular e da União da Juventude Rebelião, que cuidou de mais de 40 crianças, dando condições às mães e avós de se concentrarem nos debates, sabendo que seus filhos estavam sendo bem cuidados. As crianças participaram da plenária final do encontro e fizeram sua entrada cantando a tradicional palavra de ordem “Viva as Crianças do MLB!”

Na plenária final ocorreu também a exposição dos debates feitos nos grupos e a eleição da nova coordenação do movimento. Foram eleitos 25 companheiros de quatro cidades diferentes, e entre esses estão pais, mães, avós, trabalhadores e trabalhadoras, refletindo a base do movimento. Para Paula Guedes, da coordenação estadual do movimento “As grandes tarefas tiradas nesse encontro só irão ser cumpridas se tivermos um grande time de homens e mulheres de luta que se dediquem todos os dias para a construção e o crescimento deste movimento.”

Finalizado o encontro, as famílias saíram animadas e com a perspectiva de construção de muitas novas lutas, como resumiu Elza Cavalcante, moradora de Duque de Caixas, e reeleita para a coordenação estadual: “Saímos cheios de coisa pra pensar e com mais certeza de que temos que tocar cada vez mais lutas e ocupações!”

Câmara Municipal de São Bernardo vota mudança de contrato para privatizar a SABESP

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Câmara Municipal de São Bernardo vota privatização da SABESP em um turno com duração de discussão e votos de quinze minutos.

Bento Xavier| São Bernardo do Campo (SP)


BRASIL – O segundo dia de sessão sobre a privatização da SABESP em São Bernardo do Campo, cidade do ABC Paulista, ocorreu com a presença de 40 pessoas no plenário. Atrasado em meia hora, a sessão iniciou com apenas metade dos vereadores presentes. Estes, interessados na privatização, usaram de táticas para esvaziar o plenário, suspenderam diversas vezes a sessão e a prorrogaram até às 15h. 

Sendo a pauta da SABESP apresentada, a população presente nas galerias demonstrou sua indignação com gritos que pediam audiência pública e plebiscito para que a população pudesse manifestar a sua posição referente ao direito fundamenta do acesso à água e serviço de saneamento. 

Enquanto eles paravam para tomar café e saiam, os munícipes tinham acesso apenas a água. Além disso, não houve debate. Uma vereadora, Ana Nice, utilizou dos cinco minutos sendo contrária a proposta. E dois vereadores falaram por 3 minutos a favor.

Indignados e com fome, a população seguiu até o fim da votação com gritos contrários à privatização. Denunciavam como poderá afetar os investimentos na saúde e educação. Houve discussões dos vereadores com a militância presente sem apresentar argumentos do porque eram favoráveis, questionado, um deles respondeu: “Porque sim”.

Posicionamento dos representantes na Câmara

Dos 28 vereadores eleitos, na ausência de um, Almir do Gás (PRD), e com a bancada do PT contrária: Ana do Carma, Getulio do Amarelinho e Ana Nice, a privatização da SABESP avançou por cima dos interesses da população são bernardense em um turno com duração de discussão e votação de quinze minutos.

Os votos favoráveis foram de vinte e quatro vereadores: Alex Mognon (PP), Fran Silva (AVANTE), Toninho Tavares (AGIR), Danilo Lima (PODE), Dr. Eliezer Mendes (PL), Netinho Rodrigues (PODE), Glauco Braido (MDB), Henrique Kabeça (PMB), Minami (REPUBLICANOS), Ivan Silva (PRTB), Joilson Santos Carvalho (PRTB), Jorge Araújo (UNIAO), Gordo da Adega – Josias Paz (PODE), Bispo João Batista (REPUBLICANOS), Julinho Fuzari (CIDADANIA), Lucas Ferreira (PL), Dr. Manuel (PMB), Maurício Cardozo (UNIAO), Paulo Chuchu (PL), Pery Cartola (CIDADANIA), Reginaldo Burguês (AGIR), Palhinha (AVANTE), Aurélio (PODE), Estevão Camolesi (CIDADANIA).

Procedimento da Câmara dos vereadores ocorre em várias cidades

Marcelo, sindicalista do SINTAEMA, que representa os trabalhadores da SABESP, explicou que as votações são sobre a adesão dos municípios a uma unidade regional de água, esgoto e saneamento, a URAE 1. A proposta é unir em um bloco 375 municípios. 

Está no acordo de elaboração da URAE que o governo do estado e a prefeitura de São Paulo, têm 56% dos votos nas decisões da unidade regional. Na prática, a Câmara de São Bernardo do Campo aprovou a omissão do município de deliberar sobre o próprio saneamento. A prefeitura e o legislativo se omitem, dando menos importância à cidade em si.

“É complicado mas tem uma ação na justiça que é promissora. Essa ação, ela questiona principalmente a constituição do bloco da URAE 1. Porque um bloco com 375 municípios descarta a particularidade de cada um deles. Não é possível que quem pensa o saneamento em São Paulo, São Bernardo, em Guarulhos, tenha os mesmos parâmetros de Angatuba ou de Presidente Prudente. Segundo o Marco Legal do Saneamento, a tomada de serviço é uma questão municipal, embora a gente esteja falando de uma empresa de caráter de atendimento estadual, a tomada do serviço é uma questão municipal, por isso foi discutido na Câmara aqui.

Então, a ação movida pelo PT e pelo Psol é uma ação direta de inconstitucionalidade que foi movida por esses dois partidos no STF. Caiu na mão do ministro André Mendonça para julgamento, ele já negou a decisão liminar, mas vai ser votado no pleno. É uma ação promissora que pode fazer perder a legalidade do bloco.”, relata Marcelo.

Os interesses do capital privado avançam sob o setor público. Assim, a categoria de trabalhadores da SABESP, indicou ir para a ofensiva da luta e entrar em estado de greve no dia 7 de junho.

Cabo de Santo Agostinho (PE): Teatro Barreto Júnior se encontra abandonado desde 2017

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O Teatro Barreto Júnior, na cidade do Cabo de Santo Agostinho, Região Metropolitana do Recife, é uma referência cultural desde os anos 90, mas se encontra fechado para uma reforma que já dura mais de 10 anos. 

Clóvis Maia | Redação Pernambuco


CULTURA – José do Rego Barreto Júnior foi um ator e diretor de teatro cabense, nascido em 1903, tendo sido um dos nomes mais importantes do teatro brasileiro. Em 1923, ele participou de Retribuição, longa-metragem mudo, produzido por Gentil Roiz e Edson Chagas, o primeiro filme produzido em Pernambuco. Com o teatro, criou diversas companhias e grupos teatrais e foi pioneiro ao montar peças nas periferias, o que lhe rendeu notoriedade e respeito, sobretudo por estarmos falando de um Recife dos anos 40 e 50, cheio de dificuldades sociais e econômicas. 

O ator morreu no ano de 1983 aos 79 anos. No ano de 1985 duas obras foram inauguradas em homenagem ao artista: dois teatros que levavam o seu nome, um no bairro do Pina, no Recife, e outro no Cabo de Santo Agostinho, sua cidade natal. O Teatro Barreto Júnior do Recife resiste até hoje, sendo uma referência para todo o teatro e a cultura no nordeste. Já o do Cabo, está abandonado desde 2017. 

Um teatro abandonado na cidade mais violenta de Pernambuco

De acordo com o último Anuário de Segurança Pública, divulgado em 2023, Pernambuco possui 5 das 50 cidades mais violentas do país. A pesquisa levou em consideração as cidades com mais de 100 mil habitantes e não é a primeira vez, infelizmente, que a cidade de Cabo de Santo Agostinho entra nesta lista.

No capitalismo, não é de interesse que a juventude e a classe trabalhadora tenham acesso a uma cultura crítica e consciente. Sem acesso à cultura e à perspectiva, infelizmente, temos que ver a juventude tendo suas vidas ceifadas pela violência. Muitos desses jovens sequer tiveram a oportunidade de assistir a uma peça teatral, ir a um show ou mesmo ver um filme no cinema.

Inaugurado em 1985, o Teatro Barreto Júnior do Cabo foi palco de grandes festivais, mostras teatrais e um espaço de resistência. É dessa época que surgem a Associação Cabense de Teatro Amador (ACTA), a Mostra Cabense de Esquetes e Poesias Encenadas (MOCASPE), entre outros. 

No ano de 2017, com o teatro já fechado para uma reforma que nunca começou, o Teatro, esquecido pelo poder público desde 2013, foi atingido por um incêndio, deixando a situação ainda mais difícil.

Segundo José Antônio Alves, ator, diretor de teatro e um dos pioneiros no teatro cabense nos anos 80, “Eu acho uma coisa muito triste para um município como o nosso, que sempre teve um movimento teatral que se destacava na região metropolitana do Recife, e seu único espaço para o desenvolvimento do teatro na cidade está fechado. O Cabo hoje tem uma academia de letras, o Cabo tem um movimento teatral, mas ninguém pode mais montar uma peça no Cabo. Tem um auditório, mas não é um teatro. Entra prefeito, sai prefeito e nada. É uma falta de sensibilidade muito grande do poder público. Você vai ao Agreste, em Caruaru, com quatro teatros. O Cabo, com a importância e tamanho da economia que tem, não tem o seu Teatro funcionando. Garanhuns tem teatro, Arcoverde, Serra Talhada, Triunfo tem teatro, e o Cabo não tem mais o seu. E o Cabo sempre foi vanguarda da produção, da montagem de espetáculos teatrais, é muito triste isso. É lamentável.”

Organizar a cultura para transformar a realidade

Em março do ano passado a militância da Unidade Popular na cidade iniciou o projeto Intervenção Cultural, com a proposta de reunir artistas locais para debater, apresentar seus trabalhos com o intuito de resgatar essa história de resistência cultural na cidade. Com encontros quinzenais ocorrendo no Parque dos Eucaliptos, no bairro de Ponte dos Carvalhos, o projeto foi de março a novembro de 2023 e deve voltar agora em junho desse ano. Como pano de fundo e motivação para levantar a pauta da arte em oposição a toda onda de violência no município, a reivindicação para que o projeto de revitalização e reforma do espaço do Teatro Barreto Júnior saia do papel e da promessa. 

Outra voz sobre a questão da cultura na cidade é de Rúbia Maria, professora e atriz cabense: “Eu não tenho história com o Barreto Júnior, acredito que só entrei lá uma vez. Fiz teatro no Cabo com o grupo Professores em Cena, mas infelizmente o espaço do Barreto Júnior já estava destruído. Aqui não é uma cidade que entenda o valor de espaços de cultura e de lazer para o crescimento da população, então não é de se estranhar os índices de violência”. 

No capitalismo a arte é algo feito por poucos e para poucos. E um aparelho como um teatro popular, como o Barreto Júnior, prova de que é urgente e necessário pensar uma política voltada para esse olhar, vendo a arte como uma ferramenta para combater desigualdades e violências e não apenas como um gasto ou algo secundário. Quantos teatros, bibliotecas públicas e quadras poliesportivas e praças públicas teremos que ver fechar para abrir os olhos de que outra forma de enxergar o mundo é possível?

*Essa matéria é em homenagem ao jovem Widiclayson, conhecido como “Will”, professor de teatro e militante da cultura no Cabo de Santo Agostinho, assassinado por crime de homofobia em outubro de 2021, com apenas 27 anos. Will começou a estudar teatro pelo Grêmio da escola, com apenas 13 anos e desenvolvia um trabalho com jovens no município. 

Trabalhadores da empresa pesqueira Gomes da Costa fazem paralisação em Itajaí (SC)

Trabalhadores da empresa pesqueira Gomes da Costa/Nauterra, em Itajaí/SC, realizaram duas paralisações em menos de um mês por denúncias de descontos indevidos e más condições de trabalho. Empresa é a maior enlatadora de pescados da América Latina.

Redação SC


TRABALHADORES – O jornal A Verdade vem acompanhando as brigadas do Movimento Luta de Classes (MLC) junto aos trabalhadores da empresa pesqueira Gomes da Costa, há dois meses, em Itajaí, no litoral norte de Santa Catarina. Desde o primeiro momento, trabalhadoras e trabalhadores relataram diversos casos de descumprimento das leis trabalhistas. A Gomes da Costa pertence ao grupo Nauterra e é uma das principais empresas do ramo pesqueiro no Brasil. Segundo os trabalhadores, a empresa vem, a cada dia que passa, precarizando as condições de trabalho e cortando benefícios dos trabalhadores.

Na segunda semana acompanhando a rotina da empresa, chegamos por volta das 5h30, horário de troca de turno e de maior circulação. Nesse dia, nossa reportagem conversou com alguns trabalhadores e muitos relataram situações que consideraram abusivas. Utilizamos aqui nomes fictícios para proteger a identidade das pessoas.

Maria, trabalhadora do turno matutino, disse: “eles descontam todo valor do vale-alimentação caso cheguemos 40 minutos atrasados um único dia do mês, não importando o motivo do atraso. A empresa não está nem aí se esse dinheiro tira ou não comida da nossa mesa, é indignante.”

Ataque aos direitos trabalhistas

Os contatos com os trabalhadores foram se intensificando nas semanas seguintes. Além de recebermos novas denúncias de ataques aos direitos trabalhistas, fomos abordados algumas vezes pelos vigias da empresa pesqueira, que tentaram nos coagir a sair da calçada, dizendo que “não poderíamos estar ali”. Na última vez, disseram que não poderíamos conversar com os trabalhadores sem alvará e que chamariam a polícia caso continuássemos. Continuamos e nada aconteceu, até porque trata-se de via pública e do exercício da liberdade de imprensa.

Na verdade, o que aconteceu foi que novas denúncias foram recolhidas, dentre elas, a de que a empresa teria descontado do salário dos trabalhadores que apresentaram atestado médico, o que é ilegal, segundo o Artigo 6º da Lei Nº 605 de 1949.

Na semana seguinte, empregados relataram que a empresa ainda piorou as condições de trabalho cortando os 20% de insalubridade, dizendo que tinha executado melhorias nas instalações, o que não condiz com a realidade, segundo os próprios trabalhadores.

João, trabalhador do noturno, relatou a situação de angústia vivida pelos colegas. “Olha, bem precária a situação. Poderia, por ser uma empresa grande, ser bem melhor. Trabalhamos lá com muita autoclave [equipamento de esterilização que funciona sob intensa pressão gerada por vapor]. Um dia, eles estavam arrumando uma lá e ela estava em teste, ainda bem que ninguém se feriu, mas ela deu um estouro muito forte. Graças a Deus não tinha água quente dentro nem ninguém perto. Se uma só explodir, a fábrica vai ao chão e ninguém escapa dali. Era para receber por periculosidade e nem sequer eles falam do perigo que a gente corre em trabalhar perto daquilo, fora amônia que pode ter vazamento lá dentro e é perigoso”, relata.

Paralisações e organização da classe trabalhadora

No mesmo dia do corte da insalubridade, o MLC recebeu a mensagem de Maria, com uma foto do panfleto e os seguintes dizeres: “Logo hoje que estourou essa bomba aqui dentro da empresa, recebi esse panfleto, estamos indignados que a empresa tirou nossa insalubridade sem nenhum tipo de aviso prévio”.

Além de pagar um salário de miséria aos trabalhadores, que gira em torno de R$ 1.700,00, as denúncias apontam que a empresa corta um adicional que dava um respiro para os trabalhadores e trabalhadoras, que, na sua maioria, têm que sustentar sua família com esse salário e ainda pagar um aluguel exorbitante no 5º metro quadrado mais caro do Brasil.

Essa foi mais uma das denúncias apontadas pelos trabalhadores e, depois disso, houve um movimento espontâneo de paralisação no dia 17 de maio, parando diversos setores.

A empresa alegou que fez melhorias na estrutura fabril para retirar a insalubridade e que, para recompensar aumentaria o valor do vale alimentação. Porém, é sabido que o vale-alimentação não contabiliza para o 13º salário, férias e aposentadoria, ou seja, quem sai perdendo novamente é a classe trabalhadora.

A indignação dos trabalhadores levou a uma nova paralisação, no último dia 3 de junho, desta vez com uma adesão ainda maior. As mídias locais expuseram a situação e logo a população já começou a comentar o seu apoio à paralisação e reclamando de outras questões referentes à situação que a empresa gera na região.

Além de prejudicar os trabalhadores, a população que mora nas proximidades reclama do mau cheiro que ronda a empresa, colocando em xeque a ideia de que não existe necessidade de pagamento de insalubridade. “Se o cheiro é terrível aqui fora, imagina o que os trabalhadores não sofrem lá dentro”, comentou uma moradora do bairro.

Em nota, a Natuterra disse que a paralisação era ilegal e foi “[…] incitada por terceiro totalmente alheio à Natuterra e à relação existente entre a Nauterra, seus colaboradores e o sindicato profissional”. A paralisação, no entanto, iniciou-se devido à indignação dos trabalhadores e trabalhadoras com o descaso da empresa com seu quadro de funcionários, o salário de miséria, o desconto no vale-alimentação em caso de atraso, o desconto de faltas justificadas e a retirada da insalubridade. Esses foram os motivos das paralisações, que tendem a crescer.

Ao jornal A Verdade, o Movimento Luta de Classes afirmou que continua na disposição de continuar ao lado da classe trabalhadora para denunciar, apoiar e ajudar a organizar uma assembleia e uma comissão de negociação para efetivar a luta dos trabalhadores da empresa em conquistas de direitos trabalhistas e da organização da classe trabalhadora na luta pelo socialismo.

Por que legalizar o aborto no Brasil?

O aborto no Brasil é legalizado em casos de estupro, risco à vida da gestante e fetos anencéfalos, mas mulheres enfrentam barreiras para acessar esse direito. O Conselho Federal de Medicina proibiu abortos após 22 semanas, mesmo legalizados. Movimentos de mulheres têm lutado pela legalização mais ampla, e o apoio popular cresceu.

Movimento de Mulheres Olga Benario


MULHERES – O aborto é a prática de interromper uma gestação e é legalizado em três casos no Brasil: gravidez fruto de estupro; risco de vida à gestante; feto anencéfalo (quando ocorre ausência do encéfalo, região do cérebro que faz parte do sistema nervoso central). Ainda assim, mesmo nestes casos, muitas mulheres e crianças são impedidas de acessar esse direito fundamental para suas vidas.

Recentemente, o Conselho Federal de Medicina (CFM) publicou uma norma na qual proíbe médicos de realizarem o aborto em gestantes com mais de 22 semanas de gestação, mesmo amparado em lei para esses três casos. Além disso, houve a recente suspensão, por parte do Conselho Regional de Medicina (Cremesp), de duas médicas de São Paulo que realizavam o procedimento de aborto legal.

Esses não são casos isolados. Vários ataques fascistas têm dificultado o acesso ao aborto legal, seja com propostas de lei seja com o sucateamento e o fechamento de serviços públicos onde são realizados abortos. Mas isso não é nenhuma novidade: na Constituição da Alemanha nazista havia uma lei que proibia os médicos de falar sobre os métodos do procedimento de aborto; já na Itália fascista a contracepção era proibida, pois o papel das mulheres deveria ser de esposa e mãe.

Por outro lado, os movimentos de mulheres têm fortalecido a luta pela legalização do aborto de forma mais ampla, construindo frentes de luta e alcançado mais mulheres. Resultado disso é que a pesquisa mais recente do Datafolha sobre o tema mostra que cresceu a porcentagem das pessoas que defendem a descriminalização do aborto. Em 2018, era de 33% e, neste ano, passou para 42%.

Questão de saúde pública

A proibição do aborto não impede que ele seja feito: uma a cada sete mulheres de até 40 anos já realizaram aborto no Brasil. Em 2021, 43% das mulheres que realizaram o aborto de forma insegura precisaram ser hospitalizadas. A cada dois dias, uma mulher morre em decorrência de um aborto realizado de forma insegura, sendo a quinta principal causa de morte materna. Somente em 2019, mais de 21 mil meninas, entre 10 e 14 anos, tornaram-se gestantes fruto de estupro. De acordo com o Ministério da Saúde, entre 2008 e 2017, foram gastos R$ 486 milhões com internações decorrentes de complicações com aborto.

Portanto, legalizar o aborto é uma questão de saúde pública em defesa da vida de mulheres e crianças que se colocam em risco interrompendo uma gestação indesejada.

Legalizar o aborto aumenta sua prática?

Atualmente, o aborto é legalizado em 77 países. Vejamos alguns exemplos:

Estados Unidos: em 1973, a taxa das jovens de 15 a 17 anos que realizavam aborto era de 17 a cada 1.000 e, em 2016, passou para 4;

França, onde é legalizado o aborto até a 12ª semana desde 1975: a taxa por mil mulheres era de 19,6, em 1976, e diminuiu para 15,7, em 2019;

Uruguai, onde é legalizado até a 12ª desde 2012: 40% das mortes maternas estavam associadas a abortos realizados de forma insegura; a taxa caiu para 8% na última década, além do número de gestações indesejadas caírem para 11% na faixa etária de 20 a 34 anos;

Portugal, em que é permitido o aborto até a 10ª semana, desde 2007: de 18 mil abortos realizados em 2008, passou para menos de 15 mil em 2017.

Estes dados revelam que a legalização do aborto não faz com que o número de abortos realizados aumente. Principalmente porque a legalização do aborto também é associada a outras políticas, como maior divulgação e distribuição de métodos contraceptivos.

Mas como legalizar o aborto?

Na Argentina, em que o aborto é legalizado desde o final de 2020, a luta pela legalização contou com uma frente ampla com movimentos de mulheres, partidos progressistas e diversos grupos religiosos que, há anos, realizam encontros presenciais massivos. Entre um encontro e outro, eram realizadas atividades para conversar com a população argentina sobre a legalização do aborto e trazer mais mulheres e apoiadores. Já na França, onde o direito ao aborto se tornou constitucional a partir deste ano, 85% da população é a favor da legalização do aborto. Portanto, para que o aborto seja legalizado, é necessário um amplo movimento de massa que dispute a consciência do povo.

Além disso, somente a legalização do aborto não resolve. É necessário lutar por educação sexual nas escolas, acesso gratuito e ampla divulgação de métodos contraceptivos.

Por último, vale lembrar que a União Soviética foi o primeiro lugar do mundo a legalizar o aborto, em 1920. Isto porque, no regime socialista, foi assegurado que o papel das mulheres não era só ser mãe e trabalhar em tarefas domésticas. O cuidado dos filhos era responsabilidade social e não caía somente sob os ombros das mulheres, como acontece no capitalismo. Estas e outras medidas permitiram que as mulheres pudessem trabalhar fora de casa e participar da vida política, decidindo o rumo de suas próprias vidas e também de toda a sociedade. Portanto, lutemos pela legalização do aborto e também pela sociedade onde, de verdade, seremos livres!

Prefeitura de Belo Horizonte despeja Casa Ednéia Ribeiro

Apesar de negociações com a Prefeitura de Belo Horizonte, a Polícia Militar e a Guarda Municipal realizaram um despejo violento. Maria Margarida, militante do Movimento de Mulheres Olga Benario foi retirada à força da Casa Ednéia Ribeiro, sofrendo violência da polícia.

Redação MG


MULHERES – No dia 06 de dezembro de 2023, o Movimento de Mulheres Olga Benario ocupou um terreno ocioso da Secretaria de Saúde de Belo Horizonte e construiu a Casa da Mulher Trabalhadora Ednéia Ribeiro. Entre as razões para a ocupação está o fato de que, entre 2022 e 2023, o número de feminicídios triplicou na cidade. Em cinco meses, a Casa acolheu dezenas de mulheres e serviu de base para a realização de feiras, debates, encontros, cursos, entre outras atividades.

A Prefeitura alega que no local será construída a Casa da Mulher Brasileira, porém, o imóvel onde estava a ocupação é parte de um terreno muito maior, e que não faz parte da área onde haverá construção. Ocorreram duas reuniões entre a Prefeitura e o Movimento e a terceira estava marcada para o dia 10 de maio, mas o prefeito Fuad Noman e alguns de seus secretários não honraram o acordo para dialogar e garantir, ao mesmo tempo, a construção da Casa da Mulher Brasileira e a manutenção da Casa Ednéia Ribeiro. Durante a noite do dia 09, teve início o despejo.

Maria Margarida, militante do Movimento Olga Benario, estava fazendo escala na ocupação quando viaturas da Polícia Militar e da Guarda Municipal arrombaram o cadeado, por volta das 20h30. “Eu fui tirada à força e com violência de dentro da ocupação, que é um lugar acolhedor, que me acolheu, que acolhe mulheres. Mentiram falando que eu fiz a ocupação ontem e que não deveria estar lá. Vieram com violência e de forma abusiva. Na idade em que estou, com quase 60 anos, nunca tinha passado por isso. É muita humilhação e constrangimento”, desabafa Margarida.

Na porta da ocupação, a militância do Movimento e da Unidade Popular fez uma vigília e, durante a madrugada, foram atacados pela Guarda, como relata Fabrício Procópio, vizinho da ocupação: “Não teve reação violenta dos manifestantes, eu sou testemunha, meu prédio é de frente. A Polícia espalhou gás lacrimogênio e bomba de efeito moral. Eu vim aqui dar um apoio. É um absurdo o que está acontecendo. A ocupação está aqui há vários meses, a gente nunca teve problema, muito pelo contrário”.

O despejo organizado por Fuad tenta criar uma falsa contradição, colocando o Movimento como responsável pelo atraso das obras de construção da Casa da Mulher Brasileira. Em 2019, a Prefeitura de Belo Horizonte recebeu do Governo Federal mais de R$ 10 milhões para a obra, mas, até a ocupação, em dezembro do ano passado, não havia nenhuma movimentação para utilização do espaço e do recurso.

Como confiar em um prefeito de uma das cidades recordistas em feminicídios do país e que ordena um despejo truculento de uma casa que se tornou um espaço de enfrentamento à violência contra a mulher?

20 mil protestam na ALEP contra privatização das escolas no Paraná

Dezenas de milhares de trabalhadores da educação, estudantes e pais se manifestaram na Assembleia Legislativa para denunciar o PL 345/2024, que prevê a privatização das escolas no Paraná. Acovardados, deputados da base do governo fascista de Ratinho Jr votaram de forma online a aprovação do projeto.

Redação Paraná


TRABALHADOR UNIDO –  Nesta segunda-feira (3/6), mais de 20 mil pessoas tomaram as ruas de Curitiba (PR) contra um projeto de lei que promove a privatização das escolas no Paraná. De autoria do governador Ratinho Júnior (PSD), o PL 345/2024 terceiriza a gestão de escolas estaduais para empresas e foi aprovado hoje em 1º turno em uma votação conduzida de forma arbitrária no Poder Legislativo estadual.

O programa a ser criado pela lei, que leva o nome de “Parceiros da Escola”, entregará a gestão de pelo menos 200 escolas para a iniciativa privada. Ele também define que os funcionários das escolas privatizadas deverão subordinar-se aos planos e orientações definidos pelos empresários, submetendo a educação à lógica empresarial de obtenção do lucro.

Deputados da oposição chegaram a impetrar um mandado de segurança na Justiça contra o PL, denunciando que não há qualquer previsão orçamentária e muito menos justificativa para que o projeto tramite com urgência na Assembleia Legislativa do Estado do Paraná (ALEP). “Mais uma vez, o governo de Ratinho Jr. parte para o ataque contra a educação pública. Depois da militarização, da desvalorização salarial do funcionalismo e do fechamento de escolas do ensino noturno, o alvo agora é a gestão das escolas”, critica a deputada Ana Júlia Ribeiro (PT).

Por sua vez, o Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná (APP-Sindicato) alerta para o fato de que o programa prevê interferência das empresas na parte pedagógica do ensino, acaba com as eleições para diretores de escolas e ainda submete os servidores do Estado às ordens de empresários. “Para a APP-Sindicato, essa ingerência pode provocar fraudes nos indicadores das escolas e dos(as) alunos(as), já que o governo promete aumentar a transferência de dinheiro da educação para as empresas que atingirem determinadas metas”, posiciona-se em seu site.

A mobilização popular desta segunda começou com a deflagração de uma greve dos educadores estaduais na capital e em todo o Estado. Mesmo com a suspensão da paralisação, ordenada pelo Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR) em uma tentativa de enfraquecer a mobilização, dezenas de milhares de educadores, estudantes e pais caminharam em manifestação até a ALEP, onde foram recebidos por agentes da Polícia Militar que utilizaram bombas de gás lacrimogêneo e deixaram diversas pessoas feridas. Um homem de 24 anos e uma mulher de 23 anos tiveram que ser encaminhados ao hospital, segundo o Corpo de Bombeiros.

Acuados pela luta popular, os deputados serviçais do fascista Ratinho Júnior decidiram promover a sessão legislativa de forma online para não ter que olhar o povo trabalhador nos olhos ao votar um projeto que vende o ensino público. Sob palavras de ordem de “A nossa luta é todo dia, educação não é mercadoria!” e “Fora Ratinho!”, a votação se concluiu com 39 votos favoráveis e 12 contrários ao projeto. O PL da privatização das escolas no Paraná segue agora para consulta pública.

Privatização expulsará o povo das praias em nome do lucro da especulação imobiliária

Privatização das praias proposta por Flávio Bolsonaro e os fascistas para a  impedirá o trabalho de camelôs em todo país. Proposta de Emenda à Constituição pode levar também a despejos em massa da população pobre que mora à beira-mar para abrir caminho à especulação imobiliária.

Redação


BRASIL – Não bastasse privatizar os serviços básicos, como água, esgoto e energia elétrica, a nova cruzada dos fascistas ligados à Bolsonaro é aprovar uma mudança na constituição para privatizar toda faixa costeira do país. A proposta contida na PEC 3/2022, em discussão no Senado Federal, entrega a propriedade das terras na faixa costeira do Brasil a estados, municípios e pessoas privadas. 

Além disso, a PEC dá autorização aos governos locais de vender estes terrenos ou ceder em regime de concessão, como acontece com outros terrenos públicos afastados da área litorânea. Hoje, as terras costeiras (as que estão até 33 metros além da área de maré mais alta) são propriedade do Estado brasileiro, portanto são públicas. Se aprovada, a proposta relatada por Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do ex-presidente golpista, possibilitará a privatização das praias brasileiras.

Imagine agora, ter que pagar ingresso para entrar e ficar um determinado período de tempo dentro de uma praia. Ou pior, ver estes espaços fundamentais para a preservação do meio ambiente e da biodiversidade marinha serem ocupados por grandes empreendimentos imobiliários capitalistas. 

Na realidade, a ideia do projeto dos Bolsonaro é transformar as praias do país em propriedade privada para empreendimentos milionários. Os espaços que hoje são ocupados por trabalhadores ambulantes, barracas e quiosques, poderão ser cercados e se tornar espaço para empresas privadas. 

A PEC 33/2022 vem no meio de outros projetos, como o de legalização de apostas de azar e de cassinos. A ideia dos Bolsonaros é criar áreas parecida com cidades caribenhas ou Cancún, no México. Estas cidades são conhecidas por uma alta taxa do chamado “turismo predatório”, que combina exploração sexual, destruição do meio ambiente e utilização de empregos de baixa qualidade e salários de fome. 

Privatização das praias pode destruir áreas de preservação ambiental

Outro objetivo da PEC é abrir mais espaços de preservação ambiental na costa para a exploração capitalista. Grandes parcelas dessas terras são compostas por áreas de restinga e de mangue que são criadouros de espécies de peixes, tartarugas e crustáceos. Muitas delas hoje estão em vias de extinção. 

Para piorar estas áreas de preservação são fundamentais também para o sustento de comunidades tradicionais de pescadores, indígenas e caiçaras. Para termos um exemplo, a atual tragédia ambiental no Rio Grande do Sul gerou a diminuição da salinização na Lagoa dos Patos o que levou a não haver reprodução de camarão no canal que liga a lagoa ao mar. Resultado desta situação é que os pescadores da região não conseguiram colher a safra de 2024. 

Caso o projeto de Flávio Bolsonaro seja aprovado pelo Congresso, a situação pode se repetir em outras áreas do país, pois a especulação imobiliária pode provocar o aterramento destas áreas de criadouros de espécies.

Projeto do fascismo é impor miséria ao povo lucros bilionários aos ricos

A PEC 3/2022 é mais uma demonstração do real projeto fascista para o Brasil: miséria para o povo e bilhões para os ricos. Para Bolsonaro não existe necessidade de proteger o meio ambiente, existe a necessidade de lucrar muito no menor tempo possível.

Para os fascistas, o povo pobre não pode mais nem ter direito de ir à praia. Este local que, para quem vive nas cidades litorâneas, é um espaço de cultura, lazer e de convívio pode agora virar um terreno de algum ricaço que só quer ganhar dinheiro.